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Entenda como a crise afeta o futuro do crédito brasileiro
02 de fevereiro de 2021Tempo de leitura: 5 minCategoria: Mercado
Diversas empresas estão sendo impactadas pela crise provocada pela pandemia do Covid-19 em todo o mundo. O distanciamento social afetou diretamente o faturamento dos empreendimentos, provocando efeitos relevantes ao mercado de crédito e ao caixa das organizações.
Embora a real extensão dos danos provocados pela crise ainda seja imprevisível, é inegável que ela afetará o futuro do crédito brasileiro. Hoje, o mercado já atua com baixa liquidez, o que favorece a pulverização de ativos.
Neste momento de instabilidade, entender e acompanhar os impactos da pandemia no mercado de crédito é fundamental para a gestão de qualquer negócio. Neste artigo, analisaremos quais são as perspectivas futuras para o mercado de crédito brasileiro. Acompanhe!
Quais são os impactos da crise no mercado de crédito brasileiro?
Antes da pandemia, esse setor vinha crescendo de maneira gradativa, apontando para uma leve recuperação depois da recessão provocada pela crise econômica que se estendeu entre 2015 e 2016. Havia um movimento de redução das taxas de juros oferecidas por bancos e instituições financeiras para empréstimos tanto para pessoas físicas quanto para jurídicas que foi impulsionado pela diminuição da taxa Selic.
Segundo o Banco Central, os financiamentos para pessoas físicas alcançaram a marca de 16,6% em 2019, enquanto o crédito para o mercado empresarial foi de 11,1% durante o mesmo período. No entanto, com a chegada da pandemia em março de 2020, a liberação de crédito destinado às pessoas físicas apresentou uma recessão de mais de R$ 2 bilhões, afetando diretamente o setor bancário.
Com isso, bancos públicos começaram a buscar dinheiro em outras fontes, passando a oferecer melhores condições de financiamento para ajudar a população. Além disso, a concessão de cartões de crédito e financiamento de veículos nesse período ficaram extremamente voláteis.
No primeiro bimestre de 2020, o crédito entre pessoas físicas referente a cartões de crédito apresentou uma queda de 9,9% ao mesmo tempo que o crédito relacionado às dívidas teve um crescimento de 164,6%. Já o crédito emergencial destinado às empresas teve um forte crescimento em novas operações. De acordo com o relatório do Banco Central, esse aumento foi de 59,6% apenas em março de 2020, uma ampliação histórica para o período.
Outro ponto que merece destaque é o número de empréstimos para pessoas jurídicas. Em 2020, o total de solicitações foi relativamente maior do que em anos anteriores. De uma média de R$ 3,5 bilhões no período de março, esse número praticamente duplicou para R$ 6 bilhões.
Quais são as tendências?
O mercado de crédito brasileiro já navegou com sucesso por outras crises no passado, e todas, de certa forma, tiveram um impacto positivo sobre suas operações. Dessa forma, as lições aprendidas em tais momentos nos mostram que, embora em curto prazo haja uma desaceleração da economia, impulsionada pela elevação nos spreads, há também uma melhora a longo prazo.
A McKinsey, empresa de consultoria empresarial americana, elaborou, com base em dois estudos sobre tendências globais para o mercado de crédito internacional, sete alavancas para os bancos brasileiros se prepararem para o cenário pós-pandemia. São elas:
redução de custos;
melhora da experiência do cliente;
uso da tecnologia como centro do negócio;
aumento do uso de dados;
ingresso na jornada de Open Banking;
crescimento da capilaridade em linhas de produtos e mercados específicos;
inovação no nível organizacional.
A expectativa de especialistas é que a queda de juros seja compensada pelo aumento no volume de financiamentos. Além disso, o governo vem adotando uma agenda regulatória que visa colocar pressão sobre as instituições financeiras para reduzir preços e tarifas, bem como para estimular o microcrédito, o crédito imobiliário indexado ao IPCA, o limite à taxa de juros do cheque especial e a regulamentação da taxa de intercâmbio.
O Banco Central também vem aplicando uma série de medidas para estimular a competição no setor bancário, como a portabilidade de salário, PIX nas empresas e o próprio movimento do Open Banking. Além disso, há o sandbox regulatório, o qual permite que negócios digitais façam testes de produtos financeiros inovadores com maior flexibilidade por um período limitado.
Outra tendência em relação ao futuro do crédito brasileiro é o aumento das receitas das instituições bancárias nos próximos anos, decorrente das decrescentes taxas de juros, provocando um aumento no volume de transações.
As taxas de crescimento vão variar entre os diferentes setores — PME, investimentos, pagamentos e varejo. No curto prazo, a crise de Covid-19 deve afetar as expectativas de crescimento dessas linhas. Contudo, a médio e longo prazos, pode haver uma normalização, chegando até mesmo a um crescimento mais acelerado, como no caso das PMEs.
Como se preparar para o cenário do futuro do crédito brasileiro?
A crise provocada pelo novo coronavírus gerou efeitos expressivos no mercado de crédito brasileiro. Empresas em todo o mundo fecharam suas portas ou precisaram repensar todo o seu modelo de negócio para se manterem abertas e competitivas em um cenário cada vez mais impreciso.
O que podemos afirmar é que os impactos financeiros para o mercado de crédito, de modo geral, ainda sofrerão bastantes alterações até que a pandemia seja normalizada. Enquanto isso, as empresas devem enxugar os seus orçamentos e cortar despesas que não sejam essenciais.
Além disso, é válido buscar por renegociações de dívidas já existentes e realizar análises periódicas com levantamentos de todas as receitas e despesas pelo menos a cada três ou quatro meses, bem como investir em compliance e gestão de riscos. Identificar cada gasto facilita na hora de decidir quais serão reduzidos e de renegociar dívidas.
Ainda não sabemos quais serão os reais impactos que o mercado de crédito brasileiro vai ter nos próximos anos. Por isso, se manter atualizado sobre os últimos acontecimentos e desenvolver uma visão estratégica para analisar o cenário macro é essencial não apenas para se preparar, mas para a própria sobrevivência em um mercado que está passando por grandes transformações.
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