O que o lançamento da nota de 200 reais significa na economia?

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Em julho de 2020, o Banco Central (BC) anunciou, depois de 18 anos sem novas cédulas, o lançamento da nota de 200 reais, algo que gerou muita especulação sobre os impactos da nova moeda na economia do país.

Fato é que todos os lances da economia impactam o mercado de alguma forma e também têm um motivo para acontecerem. O importante é entender o que há por trás dessas decisões e, principalmente, como elas impactam as empresas e os cidadãos.

Neste artigo, vamos explicar as principais dúvidas em relação à nota de 200 reais. Para entender os impactos da nova cédula, as projeções e as mudanças econômicas resultantes desse lançamento, continue a leitura e saiba mais!

Por que a nota de 200 reais foi lançada?

A pandemia provocou fortes impactos na economia brasileira, entre eles uma crise econômica e um aumento da demanda por dinheiro em espécie. Isso porque muitas pessoas, receosas de que os bancos pudessem quebrar ou com medo de não conseguirem ir até o caixa por conta das medidas de restrição, passaram a reter mais dinheiro.

O ato de guardar dinheiro em casa em vez de usar o banco é chamado de entesouramento e tem um impacto direto na economia do país. Entre março e julho de 2020, a quantidade de papel-moeda em poder do público aumentou cerca de R$ 61 bilhões, de acordo com o Banco Central.

Consequentemente, todo esse dinheiro guardado em casa diminui o volume de moeda circulando, ainda mais com comércios fechados e o aumento das transações bancárias realizadas digitalmente. De acordo com a Cielo, empresa de pagamento eletrônico, houve um crescimento de 495% nas transações digitais realizadas em julho de 2020 em comparação com fevereiro do mesmo ano.

Dessa forma, o lançamento da nota de 200 reais veio como uma medida para aumentar o dinheiro em circulação no país. Além disso, é uma alternativa para reduzir os custos relacionados à emissão de notas. Isso porque o Governo tem um alto custo relativo à emissão de papel moeda. Com o lançamento da nota de R$ 200, esse valor será reduzido, uma vez que a cédula tem maior valor.

Por exemplo, para quem recebe o auxílio emergencial, em vez de sacar seis cédulas de R$ 100, a retirada será de apenas três notas de R$ 200. Além disso, uma nota de maior valor em circulação provoca uma movimentação maior de outras cédulas menores, que são necessárias para reativar o mercado interno, principalmente na hora de dar troco aos consumidores.

Quais são os possíveis efeitos da circulação da nota de 200 reais na economia?

A nota de 200 reais está em circulação desde o dia 2 de setembro de 2020. De primeiro momento, ela foi implementada nos estados com unidades do Banco Central, como: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Fortaleza e Recife. Atualmente, a nova cédula já está em circulação por todo o país.

Segundo economistas, a curto prazo, o lançamento da nota de 200 reais não terá impactos nos principais índices econômicos, como Produto Interno Bruto (PIB), inflação ou produtividade. Inicialmente, algumas pessoas chegaram a acreditar que a criação de uma nova cédula seria um sinal do aumento da inflação.

No entanto, desde 2017 a inflação tem caído ou se mantido bem baixa, com exceção de meados de 2018, quando houve a greve dos caminhoneiros. Para especialistas, no momento, o Brasil não corre risco de ter uma hiperinflação como aconteceu anos atrás quando o plano real foi criado.

Um possível impacto da circulação da nota de 200 reais é justamente a dificuldade para os comerciantes darem troco. Contudo, como explicado no tópico anterior, a movimentação da nova cédula vai impulsionar a circulação de notas de outros valores, tais como de R$ 5, R$ 10, R$ 20 e R$ 50.

Entretanto, mesmo que a nota de 200 reais aumente a circulação de dinheiro no país, ela não provoca um aumento na renda dos brasileiros. Quem ganhava R$ 1 mil, continuará recebendo o mesmo valor. Dessa forma, para alguns especialistas, a nova cédula tem mais contras do que prós.

O lançamento da nota de 200 reais no Brasil vai na contramão de outros países que pararam de fabricar e emitir papel-moeda de alto valor justamente para dar maior liquidez às transações comerciais de baixo valor e até mesmo para favorecer outros meios de pagamento, tais como as transações digitais.

Como a decisão de colocar mais dinheiro para circular impacta as empresas?

Com mais dinheiro em circulação, a tendência é que o preço de empréstimos interbancários caia — o que pode levar a uma queda da taxa Selic. Isso faz com que os bancos direcionem dinheiro para lugares em que a remuneração é maior em comparação à oferecida pelos títulos públicos, gerando um aumento no crédito para empresas.

Do ponto de vista de comércio, o impacto da nota de 200 reais será sentido principalmente em relação à falta de troco. Atualmente, muitos varejistas já sofrem com a falta de troco para pagamentos realizados com notas de R$ 50 e R$ 100. Com a chegada da cédula de R$ 200, esse problema pode aumentar, caso não haja uma movimentação de notas de menor valor.

Outro impacto da nova moeda é a questão da segurança. Ter uma nota de grande valor exige maiores quantias em caixa para o fornecimento de troco, o que é um risco para alguns comerciantes. No entanto, os principais impactos da nova nota serão medidos pelo comportamento do próprio consumidor. De acordo com dados do Banco Central, 96% dos brasileiros ainda usam o papel-moeda como principal forma de pagamento no dia a dia.

Além disso, com o crescimento dos meios de pagamento digitais, como QR Corde, carteiras digitais, pagamento por WhatsApp e o próprio pagamento instantâneo PIX, as empresas têm alternativas que ajudam a driblar esses problemas causados pela nota de 200 reais.

Embora ela já esteja em circulação no país desde setembro de 2020, os seus impactos ainda não são claros. Portanto, cabe às empresas se planejar e buscar outras opções de pagamento que minimizem a falta de troco, além de desenvolver inteligência financeira para o seu negócio.

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